domingo, 22 de março de 2015

RD 350 1974 - Como adaptar ignição eletrônica de DT. Passo-a-Passo

Finalmente, consegui terminar a adaptação da ignição eletrônica de DT 180 na RD 350. Depois de passar o maior "perrengue" tentando remover o volante do magneto que estava nela, adaptando o novo e procurando onde era a posição da mesa, entendi de uma vez por todas como é o sistema de disparo da ignição eletrônica.
Eu estava fazendo analogias entre a ignição eletrônica e o sistema de platinados. Na minha cabeça, existia uma excentricidade no eixo do volante do magneto que acionava a bobina de pulso que, por sua vez, acionava o CDI. Então, com ajuda de um multímetro, passei a medir os sinais emitidos pela bobina de pulso e descobri dois pontos de acionamento por volta. Eram dois sinais a 180º um do outro e isso não fazia o menor sentido!! Mesmo assim, segui minha linha de raciocínio e modifiquei a furação da mesa para alinhar a bobina de pulso com o ponto morto dos pistões e nada.
Bobina de pulso alinhada com o ponto morto.
Vejam as marcas que fiz em vermelho, a esquerda o ponto morto e a direita os 2 mm antes do ponto morto (6º). Isso não funciona nessa posição!!!
Foi ai que meu irmão lembrou que, mesmo no sistema com platinados, o acionamento não é instantâneo, isto é, o platinado abre e permanece aberto por alguns instantes. Então, entendemos que os dois sinais emitidos pela bobina de pulso na mesma volta eram na verdade a indicação de início do pulso e fim do pulso para o CDI. Dai pra frente, foi só alinhar o início do pulso com o ponto morto dos pistões e alinhar a bobina de pulso a pouco mais de 90º do ponto morto. Pronto, bastou virar o motor duas vezes e ela pegou!!! Foi muito bom ouvir ela funcionando novamente. Para quem acompanha o blog, já se vão uns 4 meses nessa briga com a ignição.
Agora, vou fazer o passo-a-passo da adaptação. Desde a aquisição do material até a fixação da mesa no ponto certo.
Ingredientes: uma RD 350 de 1973 a 1976 (kkkkkk), bobina de ignição de CB 400, mesa, CDI e rotor de DT. Não precisa ser original. Na minha adaptação utilizei Magnetron. 
Bobina de CB 400

Mesa e rotor de DT 180 da Magnetron
CDI da DT

Um dos problemas dessa adaptação é o espaço necessário para acomodar o volante do magneto, então é necessário fazer um trabalho na mesa da DT diminuindo sua espessura. Esmeril nela então. 
Remover todo esse ressalto da borda e do centro.

Mesa após a remoção dos excessos e com as bobinas instaladas.


Reparem que os furos originais da mesa da DT se tornaram um chanfro para podermos ajustar o ponto posteriormente. Fiz os chanfros de modo que a mesa possa girar 10º para cada lado, isto é, 20º no total. Os outros dois furos na borda devem ser desconsiderados.
Existe uma estrutura em semi circulo que não precisa ser removida e ajuda no encaminhamento do chicote.
Outro cuidado é com o ponto de aterramento da mesa. É um parafuso que fixa um conector olhal na parte de trás da mesa. Retire e fixe esse olhal no parafuso da bobina de faísca (bobina branca) na frente. Se esse parafuso ficar atrás vai atrapalhar a fixação da mesa.
Para adaptar a furação precisamos fazer suportes auxiliares conforme as fotos abaixo.
Suportes
São dois suportes com 2 furos cada um. Um ficará fixado na parte de cima e o outro embaixo. Um furo é passante, fresado e serve para fixar a mesa na estrutura do motor e o outro precisa receber uma rosca para o parafuso que fixa a mesa. Os parafusos devem ter a cabeça chata de um lado e cônico do outro para não ocupar espaço. Vejam na foto acima onde eu indico o parafuso.
Depois é só fixar a mesa.

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A mesa pode ser fixada girando até o final do chanfro no sentido horário. Depois faça o ajuste fino girando um pouco no sentido anti horário. Ai vai de cada um...eu deixei a minha adiantada.
As ligações elétricas entre mesa e CDI são feitas seguindo o código de cores do fios. Já entre CDI e bobina de ignição, é ligar o "Laranja" do CDI no verde da bobina e o preto do CDI no amarelo da bobina. Ou pode ligar o verde no quadro da moto e o preto do CDI também.
Apesar do trabalho na mesa o volante do magneto (rotor) vai raspar na mesa quando a porca receber o aperto, então é preciso fazer uma bucha para o eixo do virabrequim e, assim, limitar a entrada do volante no eixo.
Comecei fazendo com o que encontrei pela frente, uma tampa de lata de verniz de 0,4 mm de espessura.
Lata para fazer a bucha.

Medi o eixo e cortei a figura da foto acima, onde o lado menor tem 45 mm, o maior 60 mm e o comprimento 26 mm. É assim por que o eixo é cônico, não esqueçam. Depois de moldar a peça em volta do eixo e lembrando de deixar espaço para chaveta passar, instalei o volante e ficou raspando um pouquinho. Então, comprei um pedaço de lata de 6 mm de espessura e deu certo.

Bucha com lata com 6 mm de espessura

Agora é só colocar o volante. O sistema de fixação do estator do sistema original era um parafuso e isso não vai servir mais nessa adaptação. Então faremos prisioneiro cortando a cabeça de um parafuso conforme a foto abaixo e fixaremos o rotor com uma porca e contra porca, só como precaução.
Não esqueçam da chaveta!!! Vcs já sabem no que dá instalar na base da "porrada". Se não sabe, leiam os outros blog e vão acabar entendendo.

Bucha, prisioneiro e chaveta instalados

Substitui o volante Magnetron pelo original Yamaha, pois o mesmo continuava raspando um pouco na mesa. A fixação dos imãs é diferente no Magnetron e o deixa um pouco mais espesso.

Espessura dos volante

Rotor instalado
Bem, quando achei o ponto, precisei desacelerar afrouxando muito os parafusos dos carburadores. Isso mostra como a adaptação que estava nela a tinha o ponto muito atrasado. Ela reage muito rápido entre 3000 e 4000 rpm, mas depois diminui a evolução dos giros. Acredito que eu precise adiantar mais o ponto.
Daqui pra frente é ajuste fino e acaba aqui o passo-a-passo da adaptação. Mais detalhado que isso não vi em lugar nenhum e, caso tenham alguma duvida, é só perguntar.
Os próximos passos são: saber quanto é o avanço do CDI da DT, fazer o chicote elétrico principal, montar o sistema de corrente contínua e substituir a boia do carburador esquerdo.
Por quê saber sobre o avanço, é que essa RD originalmente não tem avanço e isso pode provocar algum estrago nela. Abaixo segue o gráfico da curva de avanço da DT que obtive no manual de serviço dela:

Vejam que ela avança de 15º até 25º até 3000 rpm e depois volta para 15º em 5000 rpm.
Outra conclusão foi perceber que a remoção do miolo do volante do magneto feito na adaptação que estava em minha RD e a que vi em outro blog foi para calçar o eixo do magneto e afastá-lo da mesa. Coisa que fiz com uma bucha de lata. Para ser justo, essa ideia foi copiada do fórum da lider motos (http://www.lidermotos.com.br/forum/viewtopic.php?f=2&t=32139)  postada pelo Marcel 2T. Camarada gente boa esse Marcel, ajuda todo mundo. Inclusive, ele fez palhetas de tork com formica...vou colocar na RD também...kkkkk.